PROFESSOR

PAULO CESAR

PORTAL DE ESTUDOS EM QUÍMICA
 

DICAS PARA O SUCESSO NO VESTIBULAR: AULA ASSISTIDA É AULA ESTUDADA - MANTER O EQUILÍBRIO EMOCIONAL E O CONDICIONAMENTO FÍSICO - FIXAR O APRENDIZADO TEÓRICO ATRAVÉS DA RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS.

Home
Acetileno
Metanol
Hidrogênio
Células Combustíveis

 

CÉLULA COMBUSTÍVEL

 

Meios de transporte: DaimlerChrysler NECAR 5 - Protótipo lançado em Novembro de 2000. Alcança uma velocidade máxima de 150 km/hr e apresenta uma autonomia de 450 km.

 

 

Sistemas estacionários: Central elétrica desenvolvida pela empresa Ballard Generation Systems. Esta central utiliza células de combustível com membrana de permuta protônica e produz uma potência máxima de 250 kW

 

 

Sistemas Portáteis: Unidade portátil que produz uma potência de 50 Watts e um potencial de 12 Volts. Pesa cerca de 3 kg e pode ser utilizada para alimentar rádios, câmaras de vídeo, sensores e transmissores

 

 

O Que São?

Uma célula de combustível é uma célula eletroquímica que converte continuamente a energia química de um combustível e de um oxidante em energia eléctrica, através dum processo que envolve essencialmente um sistema elétrodo/eletrólito [Kordesch et al., 1996].

Uma célula de combustível pode converter mais do que 90% da energia contida num combustível em energia elétrica e calor. No ano de 1996, as células de combustível com ácido fosfórico (CCAF) apresentavam uma eficiência de conversão elétrica de 42%, com uma elevada produção de calor [Kordesch et al., 1996.

 

Como Funcionam

Todas as células de combustível são constituídas por dois elétrodos, um positivo e outro negativo, designados por, cátodo e ânodo, respectivamente [Larminie, 2002]. Igualmente, todas as células têm um eletrólito, que tem a função de transportar os íons produzidos no ânodo, ou no cátodo, para o eletrodo contrário, e um catalisador, que acelera as reações eletroquímicas nos eletrodos.

A modo de exemplo, utilizando o hidrogênio como combustível e o oxigênio como oxidante, as reações no ânodo e cátodo na célula de combustível são as seguintes, respectivamente:

Ânodo: H2(g) ® 2 H+(aq) + 2 e-
Cátodo: 1/2 O2(g) + 2 H+(aq) + 2 e- ® H2O(g)

O hidrogênio (combustível) é alimentado ao ânodo da célula de combustível (ver figura), onde é oxidado no catalisador de platina (camada difusiva/catalítica), havendo a produção de dois elétrons e dois prótons hidrogênio, H+ (reação ânodo). De seguida, os elétrons produzidos pela reação de oxidação do hidrogênio são transportados através de um circuito elétrico e utilizados para produzirem trabalho (corrente contínua). Por sua vez, os prótons produzidos na reação anódica são transportados do ânodo para o cátodo, através do eletrólito (no centro da célula). No cátodo, o oxigênio é alimentado e reage com os prótons transportados através do eletrólito e com os elétrons provenientes do circuito elétrico (reação cátodo). O produto final da reação que ocorre no cátodo é o vapor de água.

Noutro tipo distinto de células de combustível, o oxigênio é reduzido pelos elétrons do circuito elétrico no cátodo e, de seguida, o seu íon transfere-se através do eletrólito para o ânodo, onde se combina com os íons hidrogênio.

A seleção do eletrólito é de extrema importância, visto que este deve permitir somente a transferência de íons do ânodo para o cátodo, ou vice-versa [Cappadonia et al., 2000]. Se os elétrons ou outras substâncias transferirem-se através do eletrólito do ânodo para o cátodo, ou vice-versa, a performance global da célula de combustível fica seriamente afetada. Por sua vez, de maneira a obter-se o funcionamento mais eficiente possível de uma célula de combustível, os elétrodos devem ter elevadas áreas de contacto e o eletrólito deve ter uma espessura reduzida [Larminie, 2002]. Um eletrólito comum nas células de combustível é um ácido, com íons H+ móveis.

Na prática, cada uma das células de combustível pode produzir uma diferença de potencial inferior ou igual a 1 V. Isto significa que para se obterem níveis úteis de potência elétrica têm de se associar diversas células de combustível em série (pilha). Deste modo, um sistema de células de combustível apresenta a vantagem de ser modular e, por isso, tem a possibilidade de ser construído para uma ampla gama de potências elétricas, podendo ir dos mWatts até aos MWatts [Kordesch et al., 1996].

As células de combustível são interligadas entre si por pratos bipolares (ver figura). Estes pratos devem ser bons condutores de eletricidade, e ter canais ao longo da sua superfície, de maneira a possibilitar o escoamento do combustível no ânodo e do ar ou oxigênio no cátodo. Ao mesmo tempo, estes devem permitir um bom contacto elétrico com os elétrodos, ser o menos espesso possível e de fabrico barato. Um requisito adicional é o de evitar as fugas de reagentes [Cappadonia et al., 2000].

O desenho e o fabrico das conexões entre as células de combustível é de extrema importância para o sistema, e contribui em grande parte para o custo da pilha [Thomas et al., 1999].

 

Tipos de Células

Muitos dos requisitos apresentados pelos sistemas elétricos convencionais implicam desafios técnicos específicos para as células de combustível. Por exemplo, de maneira a ter uma maior flexibilidade em relação ao combustível e melhor utilização do calor produzido, uma célula de combustível deverá funcionar a temperaturas elevadas. De maneira a responder aos diversos desafios técnicos, os investigadores desenvolveram diferentes tipos de células de combustível.

 

Os diferentes tipos de células de combustível são os seguintes:

Células de combustível com membrana de permuta protônica (CCMPP)

A célula de combustível com membrana de permuta protônica apresenta a vantagem da sua simplicidade de funcionamento. O eletrólito nesta célula de combustível é uma membrana de permuta iônica (polímero ácido sulfônico fluorizado ou outro polímero similar) que é boa condutora de prótons do ânodo para o cátodo. Por sua vez, o combustível utilizado é o hidrogênio com elevado grau de pureza [Kordesch et al., 1996].

O único líquido na célula é a água e, devido a esse fato, os problemas de corrosão são mínimos [Cappadonia et al., 2000]. A presença da água líquida na célula é de extrema importância porque a membrana de permuta protônica deve ser mantida hidratada durante o funcionamento da célula de combustível. Devido às limitações apresentadas em relação à temperatura, impostas pelo polímero da membrana e pela necessária da hidratação da membrana, esta célula de combustível funciona para temperaturas, usualmente, inferiores a 100º C [Cappadonia et al., 2000]. Sendo assim, as velocidade de reação reduzidas são compensadas pela utilização de catalisadores e eletrodos sofisticados. O catalisador utilizado é a platina e desenvolvimentos recentes permitiram a utilização de pequenas quantidades de catalisador, sendo o custo da platina uma pequena parte no preço total da CCMPP.

Para além do hidrogênio como combustível, as células de combustível CCMPP podem funcionar com combustíveis alternativos (células de combustível indiretas), desde que estes sejam previamente convertidos em hidrogênio. Os combustíveis utilizados é CCMPP indiretas podem ser, por exemplo, metanol, etanol, metano, propano, etc..

Uma variante importante da CCMPP é a célula de combustível com alimentação directa de metanol (CCDM). Como combustível, o metanol tem diversas vantagens em relação ao hidrogênio – para além de ser líquido à temperatura ambiente, este pode ser facilmente transportado e armazenado [Hirschenhofer et al., 1998]. Os principais problemas das CCDM são o sobrepotencial eletroquímico no ânodo, o que torna a célula menos eficiente, e o fato do metanol difundir através da membrana de permuta protônica (MPP) do ânodo para o cátodo. No entanto, no presente, os investigadores desta tecnologia estão a alcançar progressos importantes que resolvem parcialmente estes problemas, tornando este tipo de células de combustível potencialmente útil para ser utilizado em equipamentos elétricos portáteis e, igualmente, em meios de transporte [Larminie, 2002].

Reações CCMPP

Reações CCDM

Ânodo: H2(g) ® 2 H+(aq) + 2 e-
Cátodo: 1/2 O2(g) + 2 H+(aq) + 2 e-
® H2O(l)

Ânodo: CH3OH(aq) + H2O(l) ® CO2(g) + 6 e- + 6 H+(aq)
Cátodo: 6 H+(aq) + 6 e- + 3/2 O2(g)
® 3 H2O(l)

 

Células de combustível alcalinas (CCA)

 

Nas células de combustível alcalinas, o eletrólito utilizado é uma solução concentrada de KOH (85 %peso) para temperaturas elevadas (~ 250 ºC) e menos concentrada (35 – 50 %peso) para temperaturas interiores (< 120 ºC) [Larminie, 2002]. As pilhas CCA utilizadas no programa Apollo da NASA utilizavam uma solução de KOH com 85 %peso e funcionavam à temperatura de 250 ºC [Kordesch et al., 1996].

O problema das velocidades de reação baixas (baixas temperaturas) é superado com a utilização de elétrodos porosos, com platina impregnada, e com a utilização de pressões elevadas. Neste tipo de células de combustível, a redução do oxigênio no cátodo é mais rápida em eletrólitos alcalinos, comparativamente com os ácidos e, devido a isso, existe a possibilidade da utilização de metais não nobres neste tipo de células [Larminie, 2002]. As principais desvantagens desta tecnologia são o fato dos eletrólitos alcalinos (p. ex. NaOH e KOH) dissolverem o CO2 e a circulação do eletrólito na célula, tornando o funcionamento desta mais complexo [Larminie, 2002]. No entanto o eletrólito apresenta custos reduzidos.


 

Reações CCA

Ânodo: H2(g) + 2 OH-(aq) ® 2 H2O(l) + 2 e-
Cátodo: 1/2 O2(g) + H2O(l) + 2 e-
® 2 OH-(aq)

 

Células de combustível ácido fosfóricas (CCAF)

As células de combustível ácido fosfóricas foram as primeiras a ser produzidas comercialmente e apresentam uma ampla aplicação a nível mundial. Muitas unidades de 200 kW, produzidas pela empresa “International Fuel Cells Corporation” estão instaladas nos Estados Unidos e na Europa [Larminie, 2002].

Neste tipo de células de combustível, o eletrólito utilizado é o ácido fosfórico a ~100%, funcionando a temperaturas entre 160 ºC e 220 ºC. Para temperaturas baixas, o ácido fosfórico é um mau condutor iônico e o envenenamento da platina pelo CO no ânodo torna-se mais severo.

A estabilidade relativa do ácido fosfórico é elevada em comparação com outros ácidos comuns e, consequentemente, a célula de combustível CCAF pode produzir energia elétrica a temperaturas elevadas (220ºC). Para além disso, a utilização de um ácido concentrado (~100 %) minimiza a pressão de vapor da água, facilitando a gestão da água na célula. O suporte utilizado universalmente para o ácido é o carboneto de silicone e o eletrocatalisador utilizado no ânodo e cátodo é a platina [Kordesch et al., 1996].

O problema do armazenamento do hidrogênio pode ser resolvido pela transformação do metano em hidrogénio e dióxido de carbono, mas o equipamento necessário para esta operação acrescenta à célula custos consideráveis, maior complexidade, e tamanho superior [Larminie, 2002]. No entanto, estes sistemas apresentam as vantagens associadas à simplicidade de funcionamento da tecnologia das células de combustível, disponibilizando um sistema de produção de energia elétrica seguro e que envolve baixos custos de manutenção. Alguns destes sistemas funcionaram continuamente durante diversos anos sem qualquer necessidade de manutenção ou intervenção humana [Larminie, 2002].

Reações CCAF
Ânodo: H2(g) ® 2 H+(aq) + 2 e-
Cátodo: 1/2 O2(g) + 2 H+(aq) + 2 e-
® H2O(l)

 

Células de combustível de carbonato fundido (CCCF)
 

 

 

A célula de combustível de carbonato fundido utiliza como eletrólito uma combinação de carbonatos alcalinos (Na, K, Li), que são estabilizados num suporte de LiAlO2.

Este tipo de células de combustível funciona na gama de temperaturas entre 600 e 700 ºC, para as quais os carbonatos alcalinos formam um sal altamente condutor de íons (íon carbonato). Para temperaturas elevadas pode-se utilizar o níquel como catalisador no ânodo e óxido de níquel no cátodo, não sendo necessária a utilização de metais nobres [Hirschenhofer et al., 1998].

Devido às temperaturas elevadas de operação, neste tipo de sistema pode utilizar-se diretamente gás natural, não havendo a necessidade da utilização de “reformadores” externos. No entanto, esta simplicidade é contraposta pela natureza do eletrólito, uma mistura quente e corrosiva de lítio, potássio e carbonatos de sódio.

 

Reações CCCF

Ânodo: H2(g) + CO32- ® H2O(g) + CO2(g) + 2 e-
Cátodo: 1/2 O2(g) + CO2(g) + 2 e-
® CO32-

 

Células de combustível de óxido sólido (CCOS)

 

As células de combustível de óxido sólido funcionam na gama de temperaturas entre os 600 e os 1000 ºC, possibilitando assim velocidades de reação elevadas sem a utilização de catalisadores nobres [Hirschenhofer et al., 1998]. O eletrólito utilizado neste tipo de célula é um metal óxido, sólido e não poroso, usualmente Y2O3-estabilizado em ZrO2. Na gama de temperaturas elevadas de funcionamento, os íons de oxigênio são transportados do ânodo para o cátodo.

O metano pode ser utilizado diretamente, não sendo necessária a utilização de uma unidade de reformação externa [Larminie, 2002]. No entanto, os materiais cerâmicos que constituem estas células acarretam dificuldades adicionais na sua utilização, envolvendo custos de fabrico elevados e sendo necessários muitos equipamentos extra para que a célula produza energia elétrica. Este sistema extra engloba o de pré aquecimento do combustível e do ar, e o sistema de arrefecimento. Apesar de funcionar a temperaturas superiores a 1000 ºC, o eletrólito da CCOS mantém-se permanentemente no estado sólido. Tipicamente o ânodo é Co-ZrO2 ou Ni-ZrO2 e o cátodo é Sr-LaMnO3 [Kordesch et al., 1996].


 
Reações CCOS
Ânodo: H2(g) + O2- ® H2O(l) + 2 e-
Cátodo: 1/2 O2(g) + 2 e-
® O2-

 

VANTAGENS E DESVANTAGENS

As vantagens das células de combustível são:

bullet

Uma célula de combustível pode converter mais do que 90% da energia contida num combustível em energia elétrica e calor (não há dependência do ciclo de Carnot). No ano de 1996, as células de combustível com ácido fosfórico (CCAF) apresentavam uma eficiência de conversão elétrica de 42%, com uma elevada produção de calor [Kordesch et al., 1996].

bullet

Centrais de produção de energia através de células de combustível podem ser implementadas junto dos pontos de fornecimento permitindo a redução dos custos de transporte e de perdas energéticas nas redes de distribuição [Hirschenhofer et al., 1998].

bullet

A habilidade para co-gerar calor, ou seja, para além de produzir eletricidade, produz igualmente vapor de água quente [Kordesch et al., 1996].

bullet

Devido ao fato de não possuírem partes móveis, as células de combustível apresentam maiores níveis de confiança comparativamente com os motores de combustão interna e turbinas de combustão. Estas não sofrem paragens bruscas devido ao atrito ou falhas das partes móveis durante a operação.

bullet

A substituição das centrais termoelétricas convencionais que produzem eletricidade a partir de combustíveis fósseis por células de combustível melhorará a qualidade do ar e reduzirá o consumo de água e a descarga de água residual [Kordesch et al., 1996].

bullet

As emissões de uma central elétrica de células de combustível são dez vezes menos do que as normativas ambientais mais restritas. Para além disso, as células de combustível produzem um nível muito inferior de dióxido de carbono.

bullet

A natureza do funcionamento permite a eliminação de muitas fontes de ruídos associadas aos sistemas convencionais de produção de energia por intermédio do vapor.

bullet

A flexibilidade no planejamento, incluindo a modulação, resulta em benefícios financeiros e estratégicos para as unidades de células de combustível e para os consumidores.

bullet

As células de combustível podem ser desenvolvidas para funcionarem a partir de gás natural, gasolina ou outros combustíveis fáceis de obter e transportar (disponíveis a baixo custo). Um reformador químico que produz hidrogênio enriquecido possibilita a utilização de vários combustíveis gasosos ou líquidos, com baixo teor de enxofre [Kordesch et al., 1996].

bullet

Na qualidade de tecnologia alvo de interesse recente, as células de combustível apresentam um elevado potencial de desenvolvimento. Em contraste, as tecnologia competidoras das células de combustível, incluindo turbinas de gás e motores de combustão interna, já atingiram um estado avançado de desenvolvimento.


As desvantagens são:

 

bullet

A necessidade da utilização de metais nobres como, por exemplo, a platina que é um dos metais mais caros e raros no nosso planeta.

bullet

O elevado custo atual em comparação com as fontes de energia convencionais.

bullet

A elevada pureza que a corrente de alimentação hidrogênio deve ter para não contaminar o catalisador.

bullet

Os problemas e os custos associados ao transporte e distribuição de novos combustíveis como, por exemplo, o hidrogênio.

bullet

Os interesses econômicos associados às indústrias de combustíveis fósseis e aos países industrializados.

 

APLICAÇÕES

As aplicações mais importantes para as células de combustível são as centrais de produção de eletricidade estacionárias e de distribuição, veículos elétricos motorizados e equipamentos elétricos portáteis [Hirschenhofer et al., 1998].

 

I. Centrais elétricas estacionárias

Uma das características das células de combustível é o fato do tamanho exercer praticamente nenhuma influência sobre a eficiência. Isto significa que podem ser desenvolvidas centrais de produção elétrica pequenas, com elevadas eficiências, evitando os custos excessivos envolvidos no desenvolvimento da centrais elétricas convencionais [Hirschenhofer et al., 1998].

Como resultado deste fato, inicialmente, as centrais elétricas com células de combustível foram desenvolvidas para produzirem potências na gama dos kW até aos MW.
Assim que estas unidades sejam comercializadas e a diminuição dos preços seja alcançada, as células de combustível podem passar a ser utilizadas em centrais estacionárias de produção de eletricidade devido à sua elevada eficiência [Hirschenhofer et al., 1998].

Um exemplo prático pode ser uma central elétrica a células de combustível produzida pela empresa UTC (ver figura). Esta central está instalada numa cervejeira japonesa (Asahi Brewery) e produz energia elétrica a partir de gases residuais do processo de fermentação. A potência máxima que produz é de 200 kW.

 

 

II. Centrais elétricas de distribuição

As centrais elétricas de distribuição com células de combustível são sistemas pequenos e modulares que apresentam a possibilidade de serem implementadas nas proximidades do ponto de utilização. O sistema típico produz uma potência elétrica inferior a 30 MW, envolvendo emissões de poluentes consideradas desprezáveis, comparativamente com os sistemas tradicionais de combustão [Hirschenhofer et al., 1998]

Sendo uma tecnologia recente, nos momentos iniciais de desenvolvimento esta envolvia custos elevados. No entanto, na atualidade os custos envolvidos são cada vez menores devido ao crescente aumento da capacidade de produção. Aliás, para este tipo de sistemas, os custos são praticamente insensíveis em relação ao tamanho. Isto torna-os ideais para uma grande diversidade de aplicações onde podem ser utilizados para terem conformidade com as necessidades do consumidor [Hirschenhofer et al., 1998].

Os sistemas de células de combustível apresentam também a vantagem de emitirem baixos níveis de ruído. Esta qualidade possibilita a sua colocação junto dos pontos de consumo de energia elétrica. Estes sistema apresentam igualmente eficiências superiores comparativamente com outros sistemas convencionais. A eficiência pode ainda ser aumentada com a utilização de um sistema de aproveitamento do calor libertado pela água residual produzida. Desta forma, pode utilizar-se um sistema combinado de produção de calor e de potência elétrica [Kordesch et al., 1996].

A primeira geração de células de combustível de ácido fosfórico já foram comercializadas com um sucesso relativo. Por sua vez, é esperado que a segunda geração de células de combustível venha a ser apresentada no decorrer do ano de 2002. No presente estão a realizar-se diversos esforços de investigação para desenvolverem-se novos materiais cerâmicos e melhorar diferentes técnicas de fabrico de maneira a reduzir os custos de produção [Kordesch et al., 1996].

Na actualidade, a empresa H Power comercializa a unidade estacionária RCU 1-10 kW AC (ver figura). Este sistema de produção de energia eléctrica utiliza células de combustível com membrana de permuta protônica (CCMPP). Os combustíveis utilizados podem ser o gás natural e o propano. Esta unidade é capaz de produzir uma potência eléctrica na gama dos 3 a 10 kW. A unidade dispõe de um modulo adicional de recuperação de calor de maneira a produzir água quente para sistemas de aquecimento central.

 

 

III. Veículos elétricos motorizados

Nos últimos anos da década de 1980 passou a existir um interesse crescente no desenvolvimento de células de combustível para utilização em veículos motorizados ligeiros e pesados [Kordesch et al., 1996]. O principal interesse deste desenvolvimento é a necessidade de meios de transporte menos poluentes e eficientes. Um veículo motorizado que utilize o hidrogênio como combustível não emite qualquer poluente para a atmosfera. Com outros combustíveis, o sistema de células de combustível utiliza um processador para converter esses mesmos combustíveis em hidrogênio, possibilitando um poder de tração elétrico eficiente e com uma emissão praticamente desprezível de gases associados às chuvas ácidas e efeito de estufa.

Para além dos aspectos citados anteriormente, os veículos que utilizam células de combustível apresentam as vantagens de disponibilizarem eletricidade extra para componentes do automóvel e de envolverem baixos custos de manutenção devido ao fato de terem poucas partes em movimento. A investigação e o desenvolvimento da tecnologia das células de combustível aplicada aos veículos motorizados é financiada pelo governos do Norte da América, Europa e Japão, assim como, pelas principais construtoras mundiais de automóveis [Hirschenhofer et al., 1998].

Recentemente, a maior atividade no desenvolvimento de células de combustível para meios de transporte foi focada nas células de combustível com membrana de permuta protônica (CCMPP).

Em 1993, a empresa Ballard Power Systems apresentou um autocarro com 10 metros de comprimento com um sistema de 120 kW (ver figura), seguido de um sistema de 200 kW, com 12 metros, em 1995 [Hirschenhofer et al., 1998]. Estes autocarros utilizam o hidrogênio como combustível (veículos com emissões zero).

Em colaboração com a Ballard, a Daimler-Chrysler construiu uma série de veículos motorizados ligeiros que utilizam células de combustível do tipo CCMPP (ver figura). Estes veículos foram intitulados pela abreviatura NECAR (Non Emission Car).

A primeira geração destes veículos, NECAR 1 e 2, foi alimentada a hidrogênio. Por sua vez, o NECAR 3 (modelo classe A) introduziu a utilização do metanol como fonte de hidrogênio (utilização de reformador). De seguida, em 1999, com o NECAR 4 foi adotado novamente o hidrogênio como combustível direto das CCMPP. Mais recentemente, em Novembro de 2000, a Daimler-Chrysler apresentou o modelo mais recente da família NECAR, o NECAR 5. Este automóvel adotou novamente o metanol líquido como fonte de hidrogênio. A velocidade máxima deste veículo é de 150 km/hr e apresenta uma autonomia de ~480 km. Comparativamente com o NECAR 3, o sistema de células de combustível da versão 5 é 50% mais eficiente, tem metade do tamanho e pesa menos 300 kg.

No ano de 2004, a Daimler-Crysler planeia introduzir no mercado os automóveis elétricos movidos a células de combustível. Até essa data, os engenheiros da empresa irão focar os seus esforços na otimização da confiança do sistema de condução e na redução dos custos. Na opinião dos engenheiros da Daimler-Crysler, o futuro da aplicação das células de combustível em meios de transporte passa pelo desenvolvimento da tecnologia CCDM. Desta maneira, o sistema de produção de eletricidade é simplificado porque não existe a necessidade da utilização de reformadores para a produção de hidrogênio a partir do metanol.

Outros construtores de automóveis, incluindo a General Motors, Volkswagen, Volvo, Honda, Nissan, Toyota e Ford, anunciaram igualmente planos para o desenvolvimento de protótipos que utilizam células de combustível com membrana de permuta protônica e são alimentados a hidrogênio, metanol ou gasolina [Hirschenhofer et al., 1998].

 

IV. Equipamentos elétricos portáteis

O tipo de células de combustível mais utilizadas em equipamentos portáteis são as células de combustível alcalinas e com membrana de permuta protónica. Isto porque estes tipos de células são aquelas que apresentam uma maior independência da performance em relação ao tamanho. Os combustíveis com maior potencialidade de utilização são o metanol e o etanol, devido à sua facilidade de armazenamento e de abastecimento [Hirschenhofer et al., 1998].

Estas miniaturas de células de combustível, quando disponíveis no mercado, irão possibilitar aos consumidores a utilização de telemóveis durante um mês sem a necessidade de recarga elétrica. As células de combustível irão revolucionar o mundo da energia portátil, fornecendo energia durante períodos de tempo muito mais alargados a computadores portáteis e equipamentos eletrónicos. Outras aplicações para células de combustível em miniatura são as câmaras de vídeo, agendas eletrónicas, televisores portáteis, leitores de DVD e todos os outros equipamentos portáteis que utilizam energia elétrica [Hirschenhofer et al., 1998].

Recentemente, o Instituto de Tecnologia Avançada da empresa Samsung desenvolveu uma célula de combustível que pode ser utilizada num telemóvel. Esta trata-se de uma célula de combustível com alimentação direta de metanol (CCDM) que produz uma densidade de potência de 32 mW/cm2. O tamanho desta é igual ao de um cartão de crédito e a temperatura de funcionamento é de 20 ºC. A transferência de metanol através da MPP foi reduzida em 30%, resultando num aumento da densidade de potência para 180 mW/cm2 a 80 ºC, 100 mW/cm2 a 30 ºC e 32 mW/cm2 a 20 ºC. A empresa irá comercializar esta célula de combustível em 2004 ou 2005.

 

QUE FUTURO?

O aumento da poluição (legislação cada vez mais exigente), as limitações nas reservas de combustíveis fósseis e a ausência de regulações no setor de distribuição de energia (perdas elétricas, acidentes com radiações eletromagnéticas, localização e custos de centrais elétricas) são preocupações que a nível global estão a alarmar cada vez mais a humanidade. Estas questões representam uma força motriz forte para a investigação e desenvolvimento de novas fontes de energia amigas do ambiente, altamente eficientes e com ciclos de vida renováveis.

Independentemente da escolha de combustível (hidrogênio, metanol, metano, etano, etanol) as células de combustível representam uma alternativa eficiente para a conversão de energia no futuro. Num pequeno período de tempo, um grande número de organizações e empresas assumiram o desafio de iniciarem a comercialização de células de combustível. Muitos aspectos importantes ligados à tecnologia das células de combustível foram discutidos, embora muitas outras áreas como, por exemplo, modelização, catálise, fabrico industrial e controlo, representam desafios adicionais à espera de serem compreendidos e solucionados.

Na qualidade de tecnologia alvo de interesse recente, as células de combustível apresentam um elevado potencial de desenvolvimento. Em contraste, as tecnologia competidoras das células de combustível, incluindo turbinas de gás e motores de combustão interna, já atingiram um estado avançado de desenvolvimento.

Para este tipo de tecnologias são esperados no futuro pequenas melhorias, envolvendo obrigatoriamente um aumento de custos e de temperaturas de funcionamento, e por consequência um aumento das emissões poluentes de óxidos de nitrogênio.

No entanto, como foi referido na seção das desvantagens, para as células de combustível ainda existem diversos problemas importantes por resolver de maneira a lançar a tecnologia no comercio em larga escala. No dia a dia surgem novos desenvolvimentos como, por exemplo, novas membranas de permuta protônica, melhores catalisadores, melhores desenhos das células e novos modos de funcionamento dinâmicos. Atualmente, diversas soluções possíveis para os problemas das células de combustível estão a ser investigadas e desenvolvidas. Neste contexto, a Engenharia Química pode assumir uma função de extrema relevância no empenho de tornar comercial uma tecnologia limpa, eficiente e renovável.
O planeta e o Homem agradecem!

 

 

NOVIDADES

Meios de Transporte

A Nissan planeia iniciar a comercialização de automóveis com células de combustível em 2003
No próximo ano, a empresa Nissan Motor Co Ltd. planeia vender o seu primeiro automóvel com células de combustível, antecipando o plano original de início de comercialização em 2005. A Nissan está a colaborar com o seu parceiro Renault SA (RENA) de França no desenvolvimento das células de combustível. mais informações (Fonte: Fuel Cells 2000)


Sistemas estacionários

A empresa Plug Power lançou o novo sistema GenSys™5C
A Plug Power Inc. acabou de lançar o GenSys™5C, um novo sistema de células de combustível que combina a geração de calor com potência, no Town Hall em Babylon, N.Y. A unidade Plug Power GenSys™5C produz calor suplementar e electricidade, e é capaz de gerar 5kW de potência e 9kW de calor. Esta unidade tem disponibilidade imediata, com um período de tempo encomenda-entrega de 8 a 10 semanas. mais informações (Fonte: Fuel Cells 2000)

A General Motors planeia vender Back-up Power Systems
A General Motors Corp. planeia ter um protótipo de uma central eléctrica estacionário com células de combustível para aplicação em sistemas de recuperação de energia e o seu primeiro cliente em 2004. Clientes como hospitais, redes de telemóveis e centros de processamento de cartões de crédito pagam centenas de dólares por kWhora para disporem de corrente eléctrica contínua. Este desenvolvimento permitirá também o melhoria das células de combustível que, para meados do final da década, irão ser aplicadas a veículos automóveis. mais informações (Fonte: Fuel Cells 2000)


Sistemas portáteis

A empresa GES apresentou um novo sistema CCDM
A Giner Electrochemical Systems (GES) apresentou um novo sistema de células de combustível com alimentação directa de metanol (CCDM), que utiliza uma solução aquosa de metanol para alimentar metanol e vapor de água ao ânodo. A quantidade de água na corrente de saída do cátodo é significativamente menor do que a da CCDM convencional (metanol líquido). mais informações (Fonte: Fuel Cells 2000)

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livros
 

bullet

Hirschenhofer, J. H.; Stauffer, D. B.; Engleman ,R. R.; Klett, M. G., "Fuel Cell Handbook", 4th ed., Parsons Corporation, (1998)

bullet

Kordesch, K.; Simader, G., "Fuel Cells and their applications", VCH Publishers, (1996)

bullet

Thomas, S.; Zalbowitz, M., "Fuel Cells : Green Power", Los Alamos National Laboratory, (1999)


Artigos Científicos
 

bullet

Brown, L., "This year may be second warmest on record", Earth Policy Institute, (2001)

bullet

Cappadonia, M.; Stimming, U.; Kordesch, K.; Oliveira, J. C., "Fuel Cells", Ullmann´s Encyclopedia of Industrial Chemistry, John Wiley & Sons, Inc., (2000)

bullet

Larminie, J., "Fuel Cells", Kirk-Othmer Encyclopedia of Chemical Technology, John Wiley & Sons, Inc., (2002)

bullet

Schmidt, R., "Discovering the principle of the fuel cell at home or in school", FUELCELLKIT, (2000)

bullet

St-Pierre, J.; Wilkinson, D., "Fuel Cells: a New, Efficient and Cleaner Power Source", AIChE Journal, 47, 7, (2001)


Sites da Internet
 

bullet

Fuel Cells

bullet

U.S. Fuel Cell Council

bullet

National Fuel Cell Research Center

bullet

Los Alamos National Laboratory

bullet

Ballard Power Systems

bullet

Nuvera Fuel Cells

bullet

Fuel Cells 2000

bullet

Células de Combustível - A Energia do Futuro

 

 

Home | Acetileno | Metanol | Hidrogênio | Células Combustíveis

Este site foi atualizado em 22/07/10