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PAULO CESAR

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Nova esperança de tratamento para o mal de Parkinson

Nova esperança de tratamento para o mal de Parkinson: Estimulação elétrica da medula espinhal

Pesquisadores da Universidade de Duke nos Estados Unidos, entre eles o brasileiro Miguel A. L. Nicolelis (professor titular do Departamento de Neurobiologia e Co-Diretor do Centro de Neuroengenharia da Universidade de Duke), publicaram recentemente na revista Science estudos sobre o desenvolvimento de uma nova técnica que poderá ser usada no tratamento da doença de Parkinson. Caso venha de fato a se concretizar, esta nova abordagem terapêutica será uma alternativa para os pacientes que não respondem à medicação, e representará um verdadeiro alento para aqueles que têm sua qualidade de vida prejudicada pelos sintomas da doença de Parkinson.

 

A doença de Parkinson ou mal de Parkinson, como também é conhecida, recebeu este nome em alusão ao médico inglês James Parkinson, que descreveu, em 1817, os sintomas da doença em sua principal obra, um ensaio sobre os sintomas da “paralisia agitante”.

 

A doença de Parkinson caracteriza-se pela degeneração crônica e progressiva do sistema motor, apresentando como sintoma clássico o tremor nos membros superiores, capaz de tornar a simples leitura de um jornal uma tarefa árdua. Esta doença é causada principalmente por uma disfunção nos gânglios basais, resultando na degeneração dos neurônios dopaminérgicos do sistema nigroestriatal (Figura 1), responsáveis pelos movimentos. Os principais sintomas da doença de Parkinson apenas são perceptíveis clinicamente nos pacientes após a degeneração de 60 a 70% dos neurônios dopaminérgicos da substância nigra, o que resulta numa redução de 30 a 50% nos níveis estriatais de dopamina.

 

Figura 1. Representação da via dopaminérgica do sistema nigro-estriatal
(Figura adaptada de http://www.cnsforum.com)

 

Até hoje o tratamento de escolha para esta doença envolve a terapia de reposição da dopamina, feita pela administração de seu precursor bioquímico, a 3,4-di-hidróxi-L-fenilalanina (L-dopa). Este tratamento é capaz de melhorar de forma efetiva os sintomas associados com o mal de Parkinson, porém, em longo prazo, a farmacoterapia com L-dopa tem se mostrado pouco eficiente e causa diversas complicações (ver Quadro 1).

 

A L-dopa é convertida em dopamina pela enzima dopamina descarboxilase, que está presente no sistema nervoso central e periférico. A L-dopa é combinada com um inibidor da dopamina descarboxilase para evitar os efeitos periféricos da dopamina. Como a dopamina não ultrapassa a barreira hemato-encefálica, sua administração não resulta em efeito farmacológico útil ao tratamento da doença de Parkinson. A L-dopa ultrapassa a barreira e é rapidamente descarboxilada em dopamina. O déficit de dopamina é assim corrigido, porém de forma inespecífica (é distribuída por todo o cérebro e não apenas nas sinapses deficientes). Assim, causa reação “on-off”, em que os movimentos com tremores são seguidos por movimentos demasiadamente bruscos (discinesias), devido à estimulação de receptores que estão presentes em vias extra nigro-estriatais, como receptores no globo pálido interno. Suplementos de vitamina B6 são co-enzimas para a dopamina descarboxilase e, portanto, devem ser evitados.
Quadro 1. Bioconversão metabólica da L-dopa em dopamina

 

 

Neste contexto, estratégias terapêuticas adicionais, aplicadas juntamente com o tratamento farmacológico, têm despertado grande interesse. Em particular, técnicas para a estimulação elétrica dos gânglios basais, conhecidas como estimulação cerebral profunda (ECP) são efetivas no tratamento da deficiência motora associada à doença de Parkinson. Outra vantagem desta terapia consiste na possibilidade de redução das doses de L-dopa aos pacientes acometidos pela doença de Parkinson. No entanto, a grande desvantagem da estimulação cerebral profunda é a necessidade de um procedimento cirúrgico demasiadamente invasivo, bem como a imprescindível acurácia para atingir estruturas cerebrais diminutas. Por estas razões, é desejável que se desenvolva e identifique métodos menos invasivos de estimulação elétrica do sistema nervoso central com benefícios similares aos da ECP, porém, com menos riscos e desconfortos para os pacientes.

 

Pesquisadores da Universidade de Duke desenvolveram um novo método, menos invasivo, para estimulação elétrica dos circuitos neuronais, que consiste na implantação de eletrodos de platina bipolares posicionados na medula espinhal da coluna dorsal (Figura 2). Estes pesquisadores demonstraram, através de modelos animais agudos e crônicos, que simulam os principais sintomas da doença de Parkinson, que esta via de estimulação produz a uma significativa restauração da locomoção em ratos e camundongos.

 

Figura 2. Representação da implantação do eletrodo de estimulação na medula espinhal em camundongo (Figura baseada na de Fuentes et al. 2009)

 

  

O novo método de estimulação da coluna dorsal (ECD) foi também avaliado juntamente com a administração de L-dopa para investigar a viabilidade de seu emprego associado à farmacoterapia. A L-dopa foi administrada isoladamente em camundongos com déficit dopaminérgico, e foi observado que estes camundongos começavam a apresentar alguma locomoção após a administração de 15 mg do fármaco. Já quando a L-dopa foi administrada juntamente com a ECD, observou-se que os camundongos apresentavam locomoção com apenas 3 mg de L-dopa, ou seja, em combinação com a ECD, apenas 1/5 da dose de L-dopa foi necessária para reproduzir os mesmo efeitos. Este resultado demonstra que a associação das terapias foi altamente benéfica no modelo.

 

Os resultados expressivos do método de estimulação da coluna dorsal, e sua natureza menos invasiva quando comparado a ECP sugerem que esta técnica possa ser utilizada como uma terapia complementar para o tratamento dos sintomas da doença de Parkinson. A despeito disso, os pesquisadores da Universidade de Duke propõem que a ECD deva ser investigada mais extensivamente empregando outros modelos animais capazes de reproduzir o quadro da doença de Parkinson, preferencialmente modelos de longa duração, para que seja avaliada a viabilidade desta nova técnica como potencial tratamento de pacientes Parkinsonianos.

 

Agradecimento: Ao Prof. Carlos Alberto Manssour Fraga pelas correções e sugestões.

 

Referências Bibliográficas

 

Fuentes, R.; Petersson, P.; Siesser, W. B.; Caron, M. G.; Nicolelis, M. A. L. Science 2009, 323, 1578. [CrossRef]

 

Parkinson on Line. Disponível em: <http://www.parkinson.med.br/>. Acesso em: 10 abril 2009.

 

Para saber mais:

 

Fahn, S. Ann. N. Y. Acad. Sci. 2003, 991, 1. [Link]

HornyKiewicz, O. Amino Acids. 2002, 23, 65. [CrossRef]

Benabid, A. L. Curr. Opin. Neurobiol. 2003, 13, 696. [CrossRef]

 

Para citar esta matéria:

Rodolfo do Couto Maia, Nova esperança de tratamento para o mal de Parkinson, Novidades na Ciência – SBQ Rio, 26 abril 2009. Disponível em: <http://www.uff.br/sbqrio>

 

 

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Este site foi atualizado em 04/03/19