Açúcar é vida!
As pessoas têm usado materiais
para armazenar informação desde o tempo das pinturas
em cavernas. Hoje podemos especular sobre a
possibilidade de armazenar informação em moléculas
únicas. Um sonho dos projetistas de computadores é
que um dia arranjos de tais moléculas servirão como
dispositivos de armazenamento de dados de enorme
capacidade. A natureza, no entanto, já tem usado
essa técnica por milhões de anos. Ela usa a molécula
chamada de ácido desoxirribonucléico (DNA) para
armazenar a informação genética que permite aos
seres vivos se reproduzirem.
Haveria DNA sem açúcar? Moléculas
de açúcar alternadas com grupos fosfato formam a
“espinha dorsal” do ácido desoxirribonucléico,
macromolécula que armazena as informações
hereditárias (veja Figura 2). Retirando-se os
açúcares, nós não teríamos DNA e sem a informação
associada a ele, não haveria vida, pelo menos da
forma como a concebemos hoje.
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Figura 2
– A presença de moléculas de açúcar no DNA e
RNA
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Os carboidratos estão intimamente
ligados ao ciclo de vida dos animais e vegetais.
Nestes últimos, açúcares são produzidos através de
várias reações que, em conjunto, compõem o fenômeno
da fotossíntese. As seqüências de reações
representadas abaixo “fecham” o ciclo fundamental de
energia nos seres vivos: os vegetais, com auxílio da
energia solar, fabricam seus nutrientes que, a
seguir, são consumidos pelos animais para obtenção
da energia necessária aos seus processos vitais.
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Não é objetivo
aqui se fazer uma análise aprofundada da
fotossíntese, pois se trata de um fenômeno deveras
complexo e que não está diretamente ligado ao escopo
deste artigo, mas, se você quiser saber mais sobre o
assunto, sugiro a visualização das seguintes
animações disponíveis na Internet:
http://www.catie.org.uk/images/Plant_Life_Rev01_04.swf
http://ilo.ecb.org/SourceFiles/photosynthesis.swf
É comum separar o
fenômeno da fotossíntese vegetal em duas fases: a
clara e a escura, sendo que a fase clara teria a luz
solar para sintetizar ATP[3]
e formar NADPH[4]
na membrana tilacóide, e a fase escura, na qual o
ATP e o NADPH produzidos na fase clara são
utilizados para a fixação de CO2(g), o
que ocorre no estroma[5]
do cloroplasto[6].
Falando especificamente na fase “escura” de
fotossíntese, há a formação de sacarose através da
reação indicada na Figura 3.
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Figura 3
– Síntese da sacarose em uma etapa da
fotossíntese
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Essa sacarose
formada, por sua vez, poderá ser convertida
finalmente em amido, um tipo de carboidrato que tem
como função ser uma fonte energética de reserva nas
plantas, com função semelhante ao glicogênio[7]
nos seres humanos, ou então em celulose, a qual
servirá para formar as estruturas da planta, como o
caule e as folhas, por exemplo.

[3] ATP
é a sigla para adenosine triphosphate
(trifosfato de adenosina), molécula na qual se
encontram as ligações fosfato, altamente
energéticas, responsáveis pelo fornecimento de
energia para a manutenção das células e
mecanismos metabólicos em geral.
[4]
Sigla para o composto nicotinamida adenina
dinucleotídeo fosfato, forma reduzida. Uma das
principais fontes de energia para reações
anabólicas (reações relacionadas às queimas
respiratórias intracelulares).
[5] O
estroma é uma região aquosa que circunda as
tilacóides. Para maiores informações,
clique aqui.
[6]
Segundo Bayardo B. Torres e Rodrigo V. M. da
Silveira, em seu
software sobre a fotossíntese, a
classificação da fotossíntese em fase “clara” e
“escura” é equivocada, visto que a fase dita
“escura” necessita também de luz solar para
ocorrer.
[7] O
glicogênio é um polímero de a-glicose (podendo
ter mais de 3000 unidades de glicose) muito
ramificado, encontrado no fígado dos animais. O
organismo produz e guarda glicogênio para ser
uma fonte energética de reserva, podendo ser
desmembrado novamente em sua constituinte se
assim for necessário.